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Que imagem você tem ou faz de você mesmo?

6 anos atrás · · 3 Comentários

Que imagem você tem ou faz de você mesmo?

” Você vai me olhar, me julgar, tirar conclusões precipitadas, mas ainda assim, não vai me conhecer”  Dean Winchester (Supernatural)

Múltiplas Personalidades

Já falei e escrevi várias vezes, que na verdade somos três ou mais pessoas: a que imaginamos ser, as que passamos para as outras pessoas (pode ser uma ou muitas) e a que somos verdadeiramente.

A autoimagem, portanto, não é necessariamente a nossa verdadeira imagem, é apenas a imagem que fazemos de nós mesmos, e que, em 100% dos casos não é a verdadeira imagem do que realmente somos. Entretanto, em 100% dos casos, é a imagem que nos define e que determina a nossa autoestima.

Grandes sábios, antigos e modernos, repetiram categoricamente a famosa frase escrita há alguns milhares de anos, no pátio do templo de Apolo em Delphos:

“Conhece-te a ti mesmo”.

Conhece-te a ti mesmo, essa é a chave para uma autoimagem mais realista e parecida com o nosso verdadeiro eu, ou self, como chamam os estudiosos da mente humana, ou alma, como preferem os espiritualistas.

O Que Nos Define

Mas voltando ao assunto do título, que imagem você faz de si mesmo? Como você acha que você é de verdade? Vou fazer algumas perguntas abaixo que deverão ser respondidas com “sim” ou “não”, para ajudar nesta tarefa:

Você se acha um bom / uma boa colega de trabalho?

Você se acha um empregado competente?

Você se acha inteligente?

Se você deu qualquer resposta as perguntas acima, não importa se sim ou não, agora vão as pergunta que realmente interessam:

O que é um bom ou boa colega de trabalho?

O que é um empregado competente?

O que é ser uma pessoa inteligente?

Agora ficou subjetivo! Não ficou? Mas é disso que eu estou falando! É o que você pensa que te define. Sua autoimagem é exatamente a sua definição sobre você mesmo. O modo com que você pensa, age e reage aos acontecimentos diários, aos seus próprios pensamentos, as suas emoções e sentimentos é altamente influenciado por sua autoestima, que nada mais é que sua autoimagem quando atribuída de valores. Ou você acha que todos somos iguais e pensamos, agimos e reagimos da mesma forma a tudo que nos acontece?

Se você fizer as perguntas acima para 1.000 pessoas, tenho certeza que não haverão 2 respostas iguais, serão muitos itens diferentes, mesmo que alguns sejam parecidos, nenhuma resposta ira coincidir totalmente.

Mas Qual a Importância Disso?

A importância disso é saber que o que nos define é o que decide o que somos. verdadeiramente ou falsamente. O que pensamos de nós mesmos é que nos faz reagir a essa e não aquela resposta à mesma questão ou reagir de uma e não de outra maneira aos acontecimentos da vida, ou as situações de trabalho, ou as questões pessoais e a nossa reação diante de uma agressão ou carinho de outras pessoas.

Não são os fatos, mas a maneira que os vemos ou sentimos que nos atinge

O que nos define é como pensamos que somos, o que nos controla é o que pensamos que deveríamos ser, o politicamente correto e o socialmente aceito… E o que nos destrói é o grau de importância que damos ao que os outros pensam de nós.

Neste ponto encontramos o que é uma das grandes dificuldades de nos conhecermos. Chega uma hora que de tanto ser o que deveríamos ser e de tanto tentarmos passar para os outros que somos o que eles querem que sejamos, que esquecemos o que realmente somos e, o mais importante de tudo – a nossa autoimagem define o que temos de mais importante para nossa saúde mental – a nossa autoestima.

Sobram Dúvidas, Muitas Dúvidas

Então, que imagem você faz de você mesmo?

Difícil, não é?

Sou corajosa, mas tenho medo de baratas… Reajo mal a noticias inesperadas… Tenho medo de morrer, mas pratico esportes radicais… Enfim. Somos realmente “uma metamorfose ambulante!”

Então, da próxima vez que nos encontrarmos não venha com aquela velha historia de: “Eu me conheço, jamais faria isso”. Acrescente pelo menos um “agora” ao “jamais faria isso” e mesmo assim está sujeito a errar. Você é capaz de me dizer como reagiria se a terra começasse a tremer agora? É capaz de garantir que sairia correndo e não ficaria parado, encolhido e totalmente apavorado?

Como Descobrir Quem Realmente Somos

A doença

“José sentia dores enormes nas costas, começou de forma esporádica, porém foi ficando cada vez mais frequente, agora é quase que diariamente. Como não eram dores insuportáveis, José foi deixando até que um dia resolveu ir ao médico, este pediu um ultrassom do abdome alto. Quando José voltou ao médico com o ultrassom, a suspeita era de um tumor no pâncreas, o medico, um sujeito “muito sensível”, disse para José que não podia engana-lo e que todos os dias atendia pacientes com aquela suspeita e que, em muitos casos, elas se confirmavam.

Recomendou a José, uma ressonância magnética, para ter maior visibilidade da extensão do tumor. José saiu do consultório pensando que ia morrer: – Tumor no pâncreas? Já vira aquilo muitas vezes, Steve Jobs, o Carlos um vizinho que falecera a dois ou três anos atrás… Surpreendentemente, José não se apavorou, ao contrario, pensou: “Não vou sofrer com antecedência, vamos esperar a ressonância para ver o que acontece”.

Quando recebeu a ressonância, não abriu. Pensou: “Vou dormir mais uma noite tranquilo, amanhã tenho consulta e o medico me dirá”. No outro dia pela manhã a noticia foi muito ruim, havia realmente um tumor no pâncreas e devia ser retirado o quanto antes, pois já estava bastante grande. – “Mas sempre havia a possibilidade de ser um tumor benigno, então vamos esperar para ver”, pensou.

Reação Inesperada

Continuou tranquilo (apreensivo, mas muito abaixo do esperado, ou da forma em que a maioria das pessoas reagem). Fez a cirurgia e a biopsia demorou mais uns 15 dias. Nesse período continuou tão tranquilo quanto estivera quando esperava o resultado da ressonância. Seu pensamento continuava sendo: “Se for câncer, vou morrer de qualquer jeito, enfim paciência, morrer faz parte da vida!”

O resultado da biopsia veio negativo para câncer, era um tumor benigno. – “Ufa! Que alivio. Agora tudo bem”

O Verdadeiro Susto

Mas não ficou tudo bem. O choque veio depois que tudo houvera passado. José agora tinha uma dúvida que tirava seu sono: – “Por que não tive medo? Porque em nenhum momento eu não pensei que deveria lutar contra o câncer, se fosse confirmado? Porque aceitei tão bem a ideia da morte?

Eram muitas duvidas, mas finalmente José chegou a uma conclusão: Sua vida estava uma droga, e nem a ideia de morrer o assustou, afinal a perda não seria muito grande!

Por longos dias analisou sua vida, ele não era o que queria ser, não morava onde ou como gostaria de morar, não tinha mais que dois ou três amigos, não tinha dinheiro suficiente para uma vida mais digna e, o pior de tudo, estava absolutamente conformado com tudo isso! Fez um balanço de sua vida e viu que sempre fora levado pelos acontecimentos e não aproveitara bem as oportunidades que a vida lhe oferecera. A partir daí José passou a se ver como um fracassado! Um coitadinho!… E sua autoestima caiu muito.

A hora da Virada

Agora José se via em uma bifurcação na vida, ou daria uma virada em sua vida, ou continuaria como um fracassado naquela vidinha monótona. Chegou a pensar que o melhor mesmo era que seu tumor fosse um câncer e que ele realmente fosse morrer!

Depois disso Jose chegou a conclusão  que, agora que se conhecera um pouco mais e melhor, não poderia continuar o mesmo…”

De maneira bastante traumática, José passou a se conhecer melhor e o que se descortinou, não foi algo que elevou sua autoestima ou melhorou sua autoimagem e sua autoconfiança, pelo contrario, tudo houvera piorado. Porém, com certeza, foi uma boa sacudida na sua vida e isso o ajudou a acordar e ver as coisas por outro angulo.

Conclusão

Talvez poderemos chegar a conclusão que o “conhece-te a ti mesmo” nem sempre tem o poder de melhorar as coisas, pelo menos momentaneamente ou na ocasião da descoberta. José poderia melhorar a sua autoestima e colher todos os benefícios disso, só que para isso teria que dar uma virada na vida, teria que melhorar muito sua autoimagem para que sua autoestima se elevasse, mas dessa vez sem enganações, sem o tapa olhos que nunca deixou que ele visse como realmente era…

…E você? Será que sua autoimagem corresponde ou pelo menos está próxima a real pessoa que você é? Ou será que você também é um mestre do autoengano na luta para não sair da fortaleza de suas convicções? Ou será que nem essas convicções são suas? Talvez elas sejam apenas implantadas em você pelas expectativas dos outros… Espero que não.

Mas se você não estiver muito seguro disso…

Autoestima, seu bem estar depende dela

Denival H. Couto – Psicólogo e Terapeuta

CRP.: 06/17.798

Tags: , , , Categorias: Auto Conhecimento

Denival Couto

Denival Couto

Denival Couto; Psicólogo e Terapeuta, formado em 1980, iniciou sua atuação clínica em 1983. Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, Processual e na abordagem Fenomenológica Existencial. Possui vários cursos de especialização e pós graduações, inclusive em Propaganda e Marketing.

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