7 anos atrás · Denival Couto · 3 Comentários

O medo de ser feliz

Introdução

O medo de ser feliz é muito mais comum do que imaginamos…

“Felicidade, amor, paixão, riqueza e sucesso estão entre as coisas mais buscadas na vida. O problema é que ninguém sabe ao certo onde procurar!”

Para ser feliz é preciso ser criativo e buscar novos conhecimentos, novas aventuras e novas emoções. Porém, para buscar o novo é preciso ter coragem de sair da zona de conforto e correr riscos. O desconhecido causa insegurança e temor, sendo assim, é difícil ser nós mesmos e felizes.

Insistir no “looping” diário das rotinas intermináveis é o que torna as pessoas infelizes e apáticas. Eternos representantes de papéis que foram concedidos e nunca escolhidos!

Alguns filósofos já disseram que a ignorância é uma bênção. Verdade! O ignorante não conhece o lado bom das coisas, nem o luxo, nem a riqueza, só a miséria do final da fila… Entretanto, ser ignorante hoje, com tantos meios de informação e facilidades vendidas, não é muito fácil.

Portanto, sem a ignorância, temos que nos definir. Será que temos medo de ser felizes? Ou medo de buscar a felicidade?

Acredito que as duas alternativas são verdadeiras e estão corretas. É preciso ter desapego para experienciar alguma coisa diferente. Por isso, as mudanças são resistidas ao extremo pelos humanos.

“Adoramos nossa zona de conforto”

Piada Realística

Outro dia vi uma piada onde o sujeito disse que se casou sob o regime “semi aberto”. Ele tinha direito de sair para trabalhar pela manhã e voltar para casa a noite, de segunda a sexta feira. Além disso, tinha o direito de sair nos fins de semana desde que acompanhado da mulher. Ainda tinha o direito de escolher o caminho por onde ir (se estivesse dirigindo). Entretanto, o local para onde ir era a esposa quem decidia. Porém, nesse regime de casamento ele  tinha o direito de decidir qualquer coisa, desde que não o fizesse sozinho.

Entretanto, o regime de casamento “semi aberto”, tem um detalhe que me parece muito mais cruel: a mulher se sente da mesma forma!

Brincadeiras à parte. Podemos verificar que os ganhos indiretos proporcionados pelas doenças, síndromes e transtornos, muitas vezes, dependendo do indivíduo, superam o conforto da saúde física. A atenção dos familiares, o perdão de suas falhas ou irresponsabilidades e a complacência dos empregadores. Assim, esses “benefícios” estão entre os “ganhos” que, para eles, superam o prazer de serem saudáveis e alegres.

Portanto, podemos concluir que ser feliz causa muito medo nas pessoas. Me lembro que em nossos almoços de Natal e Ano Novo, meu sogro olhava aquela mesa farta e exclamava: “Tanta comida e muitas pessoas passando fome”! A partir daí ele ficava triste durante todo o almoço.

“Realmente! Ser feliz não é fácil”

História que ilustra o medo de ser feliz

O Sonho

A jovem sonhou toda a sua vida conhecer Veneza, sonhava com passeios de gondola em tardes ensolaradas e com posteriores cafés da tarde com “cappuccino chiaro senza schiuma”, bolos, pães deliciosos e tiramissús italianos.

Um dia, ao marcar o casamento, recebeu a notícia de que o sogro iria dar como presente, uma viagem à Veneza. Ficou felicíssima ao receber a notícia. Durante os próximos dez minutos, ficou em estado de graça… Logo depois começou a se preocupar com seus pais que ficariam sozinhos sem os cuidados dela e com a saudade que sentiria deles.

Em seguida começou a questionar a cidade de seus sonhos: “Como seria a cidade? Seria tão bonita quanto era nos postais e fotos? Seriam os canais tão maravilhosos? Seria tudo como nos seus sonhos?”.

O Pesadelo

No dia seguinte, a felicidade começou a virar ansiedade. Faltavam vinte dias para o casamento e para a tão sonhada e esperada viagem. Então, no meio daquele burburinho que sempre precede os casamentos, o medo da decepção crescia. A cada dia e ela torcia para que o dia do embarque demorasse bastante. Assim, todos os dias era o mesmo sofrimento. Portanto, aqueles vinte dias passaram rápido demais…

Quando finalmente chegou em Veneza, sua visão das belezas ficou prejudicada e a culpa de não levar a mãe cobrou seu honorários… Achou os canais lindos mas a água suja e fedida, que a língua era difícil de entender porque eles falavam muito rápido, que a pizza italiana era de gosto duvidoso e o custo dos alimentos eram muito altos… Portanto, teve receio de ficarem sem dinheiro.

Conclusão: A felicidade, até por definição, dura muito pouco. Fugaz, passageira e momentânea, pode chama-la como quiser… Não passa de um conjunto de sensações e pensamentos que evocam emoções e proporcionam alguns momentos de prazer e alegria.

A felicidade é assustadora

Buscar novos caminhos – causa insegurança. Amar – causa ciúmes e sentimentos possessivos. Boa comida – engorda. Mudanças – causam incertezas. . . E por ai vai. Ninguém prometeu que ia ser fácil!

Procurar o que realmente queremos ser é a verdadeira felicidade, deixar de ser o que os outros querem que sejamos e até diminuir a prioridade das recompensas, buscando uma vida mais compartilhada por amigos e familiares, diminui o desespero e nos torna mais felizes!

“Ser feliz é uma responsabilidade muito grande. Pouca gente tem coragem”   –   Clarice Lispector

 

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Denival Henrique Couto – Psicólogo e Terapeuta CRP-06/17.798

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